O CANUDO E A DOCE FLAUTA
UM POEMA PARA NINA,
FILHA QUE NUNCA FOI,
DE MIM, NUNCA PARTIU.
E assim foi.
Ninguém passa por esta vida sem deixar sua marca, seu recado. Sem envolver. Sem modificar o que a envolve.
————————————-
O CANUDO E A DOCE FLAUTA
As metamorfoses são ambulantes e, por isso, transformam e seguem seus destinos.
A essência de cada transformação nem sempre transparece a quem tem apenas os olhos para ver.
O que nos muda, por vezes profundamente, nos escapa à uma percepção mais simples.
Nos modifica um gosto,
um rosto,
um prato,
um tato,
um som,
um perfume bom,
uma lágrima
em sorriso.
Um "nunca mais " em "até já".
O Luar de hoje,
No Raul de sempre.
Aquilo que nos transforma nem sempre nos acompanha.
Passa por nós e segue seu caminho sem jamais partir,
como meu barquinho de papel na água da chuva do meio-fio, que dobra a esquina e se desdobra.
Volta a ser folha de papel mas deixa escrita a sua carta de vida nas águas que não param de passar.
......
Ha modificações que são graciosas, são generosas.
E até engraçadas.
Ninam nossos dias.
"...uma lágrima em sorriso..."
Tinha fome de viver,
Tinha sede de ficar.
Antes de ir,
Pediu um canudo ecológico, precisava dar paz à natureza.
Pegou carona no meu barquinho,
piscou um olho,
fechou os dois,
e partiu feliz,
cantando o amor.
Em sua flauta de vidro.
Sergio Castiglione
Enviado por Sergio Castiglione em 27/11/2023