NA BORDA
O Fio da navalha.
2014 (24/12) para 2015
Um ano para os Fortes
Só de pensar causa arrepio.
O fio da navalha é o átomo,
O instante único,
Mili, micro, nano,
Que separa o passado do futuro.
O único e tenso instante,
que fecha um ciclo,
imediatamente abre outro,
e os une em cicatriz.
O momento em que o X e o Y são definidos.
O primeiro ar que percorre os pulmões,
o primeiro gole do leite materno.
A primeira vez que o termômetro passa de 37,
Um choro, um riso, uma piscadinha.
Um dedo, qual dedo?
O aceno.
A nota zero, ou a dez,
O beijo que ficou no ar.
Um arrependimento,
O inicio de uma trinca no coração.
A primeira vez do para sempre,
E a primeira do nunca mais.
Mas é assim que se vive o tempo todo desde que chegamos ao mundo.
Se, para alguns, assusta o corte do fio da navalha,
Para estes lhes servirá o muro,
Ou uma borda.
Uma moeda vai ser jogada para cima.
E o que importa se vai ser cara ou coroa?
A nova vida está no exíguo instante em que o primeiro morteiro, silencioso, lança sua luz,
Sob a expectativa das cores e sons de todos os outros fogos de artifício;
Ou quando o mar desenha ondas fugazes na areia, e as desfaz,
Obedecendo Iemanjá, que levará todos os presentes;
Em que a moeda para no ar,
Refletindo o flash do novo.
Cairá ao chão já depois da virada .
Cara?
Coroa?
Quem sabe,
redonda e incerta,
Com a borda para cima.
Quem sabe,
fria e de corte certeiro,
Como o fio da navalha.
Bem vindos a
2015
Um ano para os fortes,
Abraços.