O Fardo Desumano
10/04/2019
Um ser humano dirigindo um automóvel foi baleado e morreu no bairro de Guadalupe, no Rio de Janeiro.
Outros seres humanos, que estavam no mesmo veículo nada sofreram, graças a Deus, apesar de terem sido disparados 80 tiros contra o veículo.
Quem disparou, a partir de um bloqueio de verificação das forças de segurança foram seres humanos, militares do exército.
Semelhante a tiros disparados a partir de um bloqueio de verificação de traficantes, nos quais serem humanos também alvejam e matam seres humanos.
O ser humano que foi atingido em Guadalupe tinha 51 anos, mas poderia ter 22 ou 74;
Este ser humano era músico, mas poderia ser médico, administrador, pedreiro ou até mesmo militar;
Este ser humano era negro. Poderia ser um branco norte-americano, um turista japonês, um aborígene australiano, um cearense recém-chegado e com a pele queimada pelo sol do sertão.
Sobre este ser humano, e sobre os seres humanos que atiraram, isto é o que se sabe, ou o que se quer saber.
Aqui, no Rio de Janeiro, uma fatia especialmente representativa de uma sociedade tão díspare quanto danificada, ignora o que torna comum e tristemente banal este episódio.
É aquele ÚNICO ponto que a todos iguala, embora alguns tentem se aproveitar deste triste ocorrido para propagar uma pretensa desigualdade:
A presença do Humano,
A veste da Desumanidade