Em agradecimento à obra da ceramista @denisebraune
A TIGELA
Nascida em berço esplêndido
Na hora da festa multicolorida,
Da multidão multifacetada,
Dia feito de mãos. E gritos.
A cor? De barro ficou.
Nau, insana, ou salvadora.
Entre fogos de artifício,
De Artes, de Ofícios,
Como Arca contemporânea.
Noe vindouro? Quem sabe....
Emergente, eterna, escandida.
Que, pousada nesta Terra
Instigante e destemida,
Deu-se ao Direito e ao silêncio.
E a voz. Em meditação.
Impávida, colosso imperfeito
Como do perfeito se quer. Respeito.
A fúria, o calor da massa
Retumbante e jovem. Envolvente
Jogo de sombra e luzes.
Desafiadora. Forma-se ela,
Como se arena fosse,
Ou um caldeirão. Um tacho.
Um fervente vaso. Tigela
Do inquieto coração.