Do Telhado
(06/08/2017)
Aqui do alto a vida passa de forma diferente, para os negros gatos.
Há gemidos e sussurros nos sonhos da madrugada, ecoando nas folhas do livro que você me emprestou, e que li
tentando compreender algo mais sobre tudo.
Porque o sol não adivinha.
Quando o dia amanhece e a fumaça começa a ganhar forma, lá embaixo, o perfume que sobe é o do pão caseiro e do barro ralando pés descalços.
Algo acalma os sentidos dos erros e aguça os olhos sobre a simplicidade que se descortina.
Um menino, tempos atrás, desceu para o asfalto e sumiu, cansado da agonia de lavar as roupas todo dia.
Rasgo a camisa por ele, e hoje enxugo o seu pranto pelas minhas sete vidas.
Curo esse rasgo ou ignoro qualquer ser.
Sigo enganado ou enganando meu viver.
Fui....
E se alguém perguntar por mim,
diz que fui,
que estou,
por aí.
Eu, ficando nú.
Pelos telhados do Estácio.